Em muitos lugares do Brasil, é comum ver moradores se reunirem em
associações de bairros para discutir sobre como melhorar a vivência na região.
Cansados de esperar pela ajuda do governo, que muitas vezes acaba nunca
vindo, eles decidem pôr a mão na massa e tomar as rédeas dos próprios
problemas. O caso mais comum, que você mesmo já pode ter vivido ou
presenciado, é a contratação de um vigia particular para melhorar a segurança
da sua região.
Em Porto Alegre, moradores colaram adesivos junto aos pontos de ônibus para
informar as pessoas sobre quais linhas de ônibus passavam naquele ponto. Em
Santos, litoral paulista, pessoas fizeram um mutirão para construir conjuntos
habitacionais; em Colombo, próximo a Curitiba, um comerciante instalou um
radar falso em uma movimentada avenida, onde os motoristas costumavam
a correr muito, causando acidentes; Em Vicente Pires, Distrito Federal, os
moradores construíram um ponto de ônibus para evitar ficarem a mercê de
chuva e sol fortes. Esses são alguns exemplos de trabalho comunitário e
coletivo em prol da cidade, feito sem nenhuma ajuda dos governantes.
Apesar do benefício trazido por essas ações, o professor da FGV-EAESP,
Francisco Fonseca, alerta sobre os riscos de fazer esse tipo de trabalho com
as próprias mãos, e exemplifica se, por exemplo, por algum descuido ou mero
acaso, o ponto de ônibus desabasse e machucando alguém. “"Aquele que foi
prejudicado cobra a quem? Você não tem juridicamente a quem recorrer",
afirma Fonseca, especialista em Administração Pública. Para ele, existem
maneiras de resolver os problemas cobrando as autoridades locais. "O Estado
brasileiro contemporâneo tem meios para os cidadãos se organizarem e
encaminharem de uma maneira política e coletiva as suas demandas", afirma.
O Ministério Público pode ser acionado caso seus pedidos a órgãos públicos
não tenham sido atendidos. É a maneira correta da população pressionar as
autoridades a fazer o que é seu dever, por mais difícil que seja isso na prática.
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