segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Olhos atentos


Já há alguns anos, as pessoas estão convivendo, mesmo que inconscientemente com o poder panóptico, que, segundo o filósofo e sociólogo francês Michael Foucault, serve para "normalizar" o sujeito moderno. Foram desenvolvidos mecanismos e dispositivos de vigilância, capazes de interiorizar a culpa e causar no indivíduo remorsos pelos seus atos. Todos se sentem relativamente desconfortáveis sabendo que há câmeras de monitoramento nas lojas, nos elevadores, algumas vezes no ambiente de trabalho e até mesmo nas ruas.

Agora é a vez da internet. Com o Analytics, por exemplo, um serviço de acompanhamento de ROI (retorno sobre investimento) e de SEO (search engine optimization), oferecido pelo Google, é possível monitorar quantos internautas estão visitando determinados sites, quanto tempo eles permanecem lá e como chegaram lá – se clicaram em um anúncio, se procuraram por um mecanismo de busca, ou se digitaram o endereço. Há ainda dados mais precisos: a que horas o consumido, em quais dias da semana e em qual região da cidade, estado e país o consumidor acessou a página. Tudo isso chega ao analista por meio de detalhado relatórios, repletos de dados e gráficos precisos.

Isso é muito bom para quem possui um negócio e, especialmente, para os donos de e-commerce. No entanto, isso pode ter reflexos negativos na vida das pessoas. O usuário comum de internet não sabe do alcance dessas informações.

Os comentários publicados em redes sociais, por exemplo (incrementados com a popularização dos smathphones), ficam com o poder dessas empresas que controlam esses dados. Segundo Alberto Albertin, do Programa de Excelência em Negócios na Era Digital da GV, o perigo está nesse cruzamento de informações, uma vez que não existe leis que protejam o consumidor nessa situação. "Mesmo que leis sejam criadas, o monitoramento de dados é inexorável", concluiu o professor.

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